O que revela o comportamento de estocar produtos em tempos de pandemia
É bem verdade que a população não estava preparada e nem esperando viver um momento como o atual. A expectativa de novas metas e objetivos para 2020 rendeu bastante frustração. Isso porque, a pandemia do novo Coronavírus mudou completamente a realidade das pessoas. Aquela tão sonhada viagem e algumas mudanças planejadas acabaram ficando em segundo plano. A recomendação agora é para ficar em casa e viver, até então, o que era ‘desconhecido’ para muita gente.
Mas, e agora, o que fazer? É normal querer se preparar para o desconhecido? Por que as pessoas têm corrido aos supermercados para comprar e estocar alimentos e produtos de higiene? A psicóloga e professora da Unit, Flor Teixeira explica o comportamento da população em meio à pandemia do COVID-19.
“O que tem tirado as pessoas do sério neste momento é porque, até então, existia um planejamento e um certo controle de tudo. Era uma rotina. E, de uma hora para outra, uma mudança de tudo. Essa falta de controle aumenta a ansiedade e gera medo. O medo é uma característica própria da nossa sobrevivência que faz com que haja uma reação”, comenta a psicóloga.
“Essa luta pela sobrevivência também é histórica. Esta questão de estocar os produtos remete muito a um termo que era utilizado na época da Guerra Fria, mas acho que permaneceu, apesar de ter outros sentidos e significados, que é o American way of life, o modo de vida americano. Lá, eles já possuem uma cultura do estoque pois se preparam para os desastres previsíveis. Já, no Brasil, os desastres acontecem e temos que lidar com as consequências. Com isso, acabamos repetindo a cultura de estoque, enfatizada pela nossa lei do consumo”, acrescenta Flor.
Para a psicóloga, a lei do consumo acaba estimulando a compra exacerbada e inadequada de produtos. “Quando a gente comenta, por exemplo, que tal coisa ‘não é necessário, mas importante’, as pessoas só acabam se atentando para o ‘mas é importante’. Por isso, a busca constante pelo álcool em gel, máscaras e produtos de higiene”, salienta.
Em muitos países e alguns estados brasileiros, um produto chamou bastante atenção por estar entre os mais procurados e estar em falta em alguns locais: o papel higiênico. Os supermercados tiveram que limitar as embalagens para os clientes.
“A gente sabe que o fato de você ter um contato mais rápido com qualquer informação, causa uma confusão sobre o que pensar e como agir. Nunca se ouviu falar tanto sobre ter higiene e, com isso, as pessoas acabam voltando suas atenções para os produtos higiênicos e eles acabam saindo mais rápido das prateleiras”, afirma a psicóloga.
Segundo Flor, o consumidor tem que ter um comportamento responsável na hora de adquirir os produtos. “Para a gente entender como ter um comportamento responsável tem que saber como ter um comportamento solidário. Nem todo mundo tem a mesma vida e tem as mesmas oportunidades que os outros. É preciso se colocar no lugar do outro. No entanto, se colocar no lugar de um ser que não conheço, é muito difícil e desafiador, mas é importante e fundamental para a gente manter as nossas relações saudáveis e, no mínimo, solidárias”, finaliza Flor.
Assessoria de Imprensa
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