Venezuela: onda de protestos com 12 mortes
Horas após protestos matinais convocados pela oposição contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, uma nova série de manifestações e saques na noite de quinta para sexta-feira (21) deixou 12 mortos em bairros pobres de Caracas.
Foi o dia com o maior número de vítimas desde o início da onda de protestos, iniciada no final de março depois que a Justiça tentou tirar os poderes da Assembleia Nacional, dominada pelos opositores do governo chavista.
O local onde houve mais mortos – 11 até agora – foi o bairro de El Valle, na zona sul da capital, onde Maduro cresceu. Houve protestos na região desde o início da noite, quando moradores colocaram fogo em lixo e pneus e montaram barricadas nas principais vias.
Eles chegaram a ser dispersados com bombas de gás lacrimogêneo pela Guarda Nacional. A fumaça atingiu um hospital infantil, que precisou ser esvaziado.
"Parecia uma guerra. A Guarda e a polícia usava gás, civis armados atiravam contra prédios. Minha família e eu nos jogamos no chão. Foi horrível. Conseguimos dormir depois que tudo acabou às três da madrugada", contou Carlos Yánez, 33, morador de El Valle, à AFP.
Durante a madrugada, no entanto, os moradores invadiram 17 estabelecimentos comerciais e começaram a ser atacados por coletivos (milícias armadas chavistas).
Na confusão, um fio de alta tensão atingiu uma padaria na favela de San Andrés e eletrocutou oito pessoas que tentavam roubar produtos. Outros três moradores foram mortos a tiros de origem desconhecida.
Antes das mortes em El Valle, um homem de 26 anos havia sido baleado e morto por membros de coletivos ao passar por um protesto no caminho de casa em uma favela de Petare, na zona leste.
A violência e a destruição foram condenados por governo e oposição, que trocaram acusações. O dirigente chavista Freddy Bernal acusou os rivais de fomentar a violência com a publicação de vídeos de protestos. "Colocaram uns áudios que fazem parecer que estamos na Líbia. Isso alarmou as pessoas que estão fora de Caracas."
Já o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, culpou o governo por permitir a difusão de armas de fogo entre a população.
"Queremos enfrentar um governo que, após pôr suas pessoas nas ruas e as armar, agora quer dizer que não são os autores da violência."
Notívagos
Embora os atos dos dirigentes opositores, que ocupam as ruas principais da cidades durante o dia, sejam mais visíveis, só três das 21 mortes ocorreram nos protestos convocados por eles.
O restante foi em mobilizações à noite, convocadas por vizinhos que montam barricadas e fecham os acessos aos bairros e não têm relações aparente com os políticos.
O fenômeno começou de forma espontânea após os protestos do último dia 8, e ocorreu principalmente em antigos redutos chavistas.
As principais reivindicações contra Maduro são relativas à escassez de alimentos e remédios. A tensão também é mais elevada porque a maioria dos membros de coletivos vive nessas comunidades.
Só neste ano, pelo menos 22 pessoas morreram em confrontos entre manifestantes e policiais e em protestos. Apenas em abril, 1.289 foram detidas, das quais 672 permanecem presas.
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